Estudo e dados do Banco Central mostram crescimento das cooperativas e apontam o modelo como caminho para mais inclusão e desenvolvimento econômico.
Em um momento em que muitas pessoas se sentem desiludidas com instituições bancárias privadas, o cooperativismo de crédito surge como uma alternativa concreta e cada vez mais relevante. Baseado na coletividade, na gestão democrática e no compromisso com o desenvolvimento local, esse modelo vem se mostrando eficaz para gerar inclusão financeira, fortalecer comunidades e impulsionar a economia de forma mais justa.
O estudo “Cooperativismo do Futuro”, realizado pela consultoria Box1824 a pedido do Sicredi, mapeou tendências entre 2023 e 2024 e mostrou que o cooperativismo tem tudo para liderar transformações importantes na sociedade. Segundo a futurista Monica Magalhães, mesmo em uma era de conexões digitais constantes, as pessoas estão em busca de pertencimento, colaboração e propósito. Ela afirma que o cooperativismo representa essa vontade de construir algo coletivo e significativo em prol do bem comum.

Números que comprovam o impacto positivo
E não são só percepções: os números também comprovam a força do setor. De acordo com o mais recente Panorama do Sistema Nacional de Crédito Cooperativo, publicado pelo Banco Central do Brasil, o setor terminou 2024 com R$ 885 bilhões em ativos totais, registrando um crescimento de 21,1%. As captações chegaram a R$ 708 bilhões, também com alta de 21,7%, e as operações de crédito somaram R$ 529,7 bilhões. O número de cooperados cresceu, alcançando 19,2 milhões de brasileiros – sendo 16,2 milhões de pessoas físicas e 3 milhões de empresas. Hoje 58% dos municípios brasileiros já contam com ao menos uma unidade de atendimento de cooperativa de crédito, o que demonstra a capilaridade e a presença crescente desse modelo, inclusive em regiões menos assistidas pelos bancos tradicionais.
Cooperativa fortalece a economia local
O impacto positivo das cooperativas de crédito também foi medido em um estudo da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), encomendado pela Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB). A pesquisa comparou indicadores de municípios antes e depois da chegada das cooperativas e identificou aumento de 10% no PIB per capita, crescimento de 15,1% no número de empregos e uma elevação de 15,6% na quantidade de estabelecimentos comerciais. Esses dados mostram, de forma clara, como as cooperativas ajudam a movimentar a economia e a melhorar a vida nas cidades onde atuam.
Quatro pilares para o futuro do cooperativismo
A mesma pesquisa da Box1824 também aponta que o futuro do cooperativismo será guiado por quatro grandes frentes: economia regenerativa, neocoletivismo, cidades inteligentes e inclusão financeira. Esses pilares nos mostram que o setor está alinhado com as demandas do presente e do futuro, unindo tecnologia, sustentabilidade e valorização do território para ampliar o acesso a serviços e oportunidades.
Novidade: conselhos profissionais agora podem ser cooperados
Outro avanço importante foi confirmado em 2025: agora, conselhos profissionais como CRM, CREA, CRA, CRC, COREN e outros podem se associar legalmente a cooperativas de crédito. A decisão veio com um acórdão do Tribunal de Contas da União (TCU), que trouxe segurança jurídica para que essas entidades passem a integrar o quadro social das cooperativas e possam realizar operações financeiras com elas. Isso fortalece ainda mais o modelo, ampliando seu alcance e legitimidade.
Brasil em destaque no cenário global
O Brasil também tem ganhado destaque no cenário internacional. Segundo o Anuário do Cooperativismo 2024, existem 92.758 cooperativas de crédito no mundo, reunindo mais de 403,9 milhões de pessoas e movimentando cerca de US$ 2,99 trilhões. O Brasil representa 21,5% dessas instituições e vem assumindo uma posição de protagonismo, que será reconhecida globalmente com a celebração de 2025 como o Ano Internacional do Cooperativismo, instituído pela ONU.
O cooperativismo de crédito, portanto, não é apenas uma alternativa ao sistema bancário tradicional. Ele se mostra uma solução concreta para os desafios atuais do país, combinando desenvolvimento econômico com inclusão social, democracia e senso de comunidade. Um modelo que cresce junto com as pessoas e que, mais do que nunca, tem muito a contribuir para um futuro mais justo e sustentável.
Fontes: Revista Exame, Panorama do Sistema Nacional de Crédito Cooperativo e Portal do Cooperativismo Financeiro.
