
A escola é o lugar ideal para ensinar valores que transformam vidas, inclusive quando o assunto é dinheiro. Uma iniciativa liderada pelo professor Dejair Frank Barroso na Escola Municipal Anita Soares Dulci, em Santos Dumont (MG), mostra que educação financeira pode e deve começar desde cedo. O projeto, fruto de um grupo de pesquisa da Universidade Federal de Juiz de Fora, já impactou mais de 400 alunos e quer crescer ainda mais. A Secretaria de Educação de Santos Dumont está trabalhando para que ele se transforme em um Programa do Município.
Na escola, o projeto inovador está fazendo a educação financeira acontecer de forma prática e envolvente. Chamado de Sustentabilidade Financeira, ele é desenvolvido pelo professor de Matemática Dejair. Douglas Tavares, Secretário Municipal de Educação, destaca que o projeto tem se mostrado um diferencial na formação dos estudantes. “Por isso, estamos trabalhando para que ele se transforme em um Programa do Município, oferecendo suporte para que todas as escolas da rede possam implementá-lo. O trabalho do professor Dejair é inspirador e estamos orgulhosos de poder ampliá-lo”.
Conversamos com o professor Dejair para entender melhor a origem e o funcionamento dessa proposta que já vem mudando a relação de crianças e adolescentes com o consumo, o planejamento e o valor do dinheiro.
Como surgiu o projeto Sustentabilidade Financeira?
O projeto surgiu a partir das pesquisas que venho desenvolvendo no grupo de pesquisa de ponta da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), sob orientação do professor Marco Aurélio Kistemann Jr. Identificamos a necessidade de propor a Educação Financeira com um viés escolar, comprometido com a formação crítica do estudante, desvinculada da lógica de apenas educar para consumir.
Como ele funciona na prática?
Atualmente, o projeto acontece durante as aulas de Matemática com as turmas de 6º, 7º, 8º e 9º anos, ao longo do segundo bimestre letivo.
A proposta é ampliar a iniciativa, envolvendo também professores de Língua Portuguesa, Ciências, História, Geografia, Ética, Artes e Educação Física, integrando o tema de forma interdisciplinar e contextualizada com a realidade dos alunos.
Qual a importância de educar sobre a vida financeira?
Educar financeiramente é promover o letramento financeiro dos estudantes, ajudando-os a desenvolver atitudes conscientes e responsáveis em relação ao uso do dinheiro, ao consumo e ao pós-consumo, com foco na sustentabilidade e na cidadania. E o papel da escola nesse sentido? Cabe à escola propor a formação crítica, ética e cidadã dos estudantes, desconstruindo a lógica de “educar para consumir”, que estimula o imediatismo do “desfrutar agora e pagar depois”. O papel da escola é ajudar o aluno a compreender o valor das escolhas financeiras e seus impactos individuais e coletivos.

Um projeto que inspira também os adultos
E Matemática não se aprende só por meio de cálculos. A professora Joseani Netto, de Português, desenvolveu na mesma escola um projeto de aldravias – poemas curtos de apenas seis palavras – para mostrar que a Educação Financeira também é poesia, é linguagem que transforma, é pensamento que se abre para o novo. Porque educar é semear consciência, cultivar escolhas e colher liberdade.
A iniciativa mostra que educação financeira não é só para adultos — e que, na verdade, muitos adultos também têm muito a aprender com esse conteúdo. Assim, entre cálculos, palavras e escolhas, nasce uma nova forma de ensinar, e principalmente, de viver.



